Dieta Paleolítica e Dieta Low Carb
Sobre a cartilagem de tubarão - fatos e mitos
Uma história sobre o colágeno: A cartilagem de tubarão - fatos e mitos
A cartilagem de tubarão é anti-inflamatório e anti-câncer?
A cartilagem de tubarão é um dos marcos entre os nutracêuticos, nas prateleiras das lojas de alimentos saudáveis já há alguns anos. Ela é apresentada pelos seus benefícios anti-inflamatórios no tratamento de artrite e outras condições inflamatórias e, especialmente, do câncer.
O uso de cartilagem em pó para tratar ferimentos foi originalmente popularizado por John Prudden, um cirurgião de Nova Iorque, em 1954. Prudden utilizava cartilagem em pó de vacas, que foi confirmado ser eficaz na aceleração da cicatrização de feridas, para o tratamento de artrite, doenças inflamatórias do intestino e até mesmo para câncer avançado.
A cartilagem de tubarão foi popularizada pelo best-seller de 1992 de William Lane e Linda Comac: "Os tubarões não têm câncer", seguido por "Tubarões ainda não têm câncer", em 1996. O ponto de partida dessa divulgação era dar a entender que há algo singular na cartilagem de um animal - o tubarão - cujo esqueleto é inteiramente feito de cartilagem, não osso, e que existem poderes curativos que só pode vir dessa espécie de animal. É claro, convencer milhões de pessoas que somente a cartilagem de tubarão tem esse poder não é particularmente saudável para as populações de tubarões em todo o mundo, e essa espécie, de fato, sofreu na medida que o mercado comercial da cartilagem foi incrementado.
Considerando o fato de que a alegação inicial é errônea: os tubarões, de fato, tem câncer (ver esse LINK)- há algum mérito nessa propaganda sobre o estímulo à saúde pelo emprego da cartilagem de tubarão? Estou inclinado a pensar que deve haver algo sobre tais reivindicações que parecem sobreviver ao longo de décadas no tempo, uma vez que os médicos e pacientes relatam benefícios suficientes para manter o mercado andando. Então, há algo na cartilagem de tubarão que pode explicar os tipos de ações benéficas atribuídas a ela? Para responder a esta pergunta, é útil olhar para alguns dos benefícios específicos atribuídos à cartilagem de tubarão. Estes basicamente se resumem a três ações específicas: 1) anti-inflamatória, tal como evidenciado por benefícios para os pacientes com artrite reumatóide e doença inflamatória do intestino; 2) a aceleração da cicatrização de feridas, e 3) a capacidade de prevenir o câncer e retardar o crescimento e disseminação de tumores, especificamente bloqueando a angiogênese, o processo pelo qual os tumores promovem novos vasos sanguíneos para se alimentar e crescer.
Estudos clínicos em instituições de prestígio tem, ao que parece, não conseguido demonstrar tais benefícios em ensaios científicos controlados com placebo. Especificamente, os ensaios de pesquisadores da Clínica Mayo e do Instituto Nacional do Câncer não conseguiu encontrar quaisquer benefícios de sobrevida em pacientes com câncer avançado. É difícil, no entanto, tirar conclusões confiáveis a partir de tais estudos, já que tais pacientes estão muitas vezes em estado geral muito ruim, não só por causa do câncer avançado, mas também por causa dos efeitos tóxicos das drogas empregadas em tratamentos convencionais. Então, novamente, há o problema teórico de atribuir os benefícios putativos a algum componente específico da proteína da cartilagem. Isso porque - como seus detratores são rápidos em apontar - as proteínas não são absorvidas através do trato GI: em vez disso, elas devem ser digeridas e, primeiramente, reduzidas aos seus componentes de aminoácidos elementares.
Quando isso acontece, a proteína da cartilagem de tubarão não é apenas a mesma coisa que a cartilagem de qualquer outro vertebrado, é praticamente o mesmo teor de proteína do osso e de outros tecidos conectivos, ou seja, o colágeno. O colágeno a partir de qualquer fonte é constituída por cerca de 22% de glicina em peso, sendo a glicina menor, a mais simples e mais abundante de todos os aminoácidos. (…) A glicina é também o mais importante regulador do corpo da inflamação. E a inflamação, que é muitas vezes erroneamente classificadas como "parte do processo de cura", na verdade, impede a cura (quando a inflamação é crônica, uma vez que somente há uma cicatrização como sequência de processos inflamatórios preliminares de várias etiologias, NT). Assim, ao reduzir ou eliminar o excesso de inflamação acelera a cicatrização.
Até agora, tudo bem: Se você comer suficiente cartilagem de tubarão, você pode obter suficiente glicina extra para explicar os efeitos anti-inflamatórios e cicatrização de feridas. Mas o que dizer sobre o desenvolvimento do câncer, especificamente, a inibição da angiogênese? De fato, uma investigação ocorrida há mais de uma década na Universidade da Carolina do Norte demonstrou a inibição da angiogênese e o bloqueio do crescimento de tumores em animais de experimentos com a glicina. É importante notar que o mecanismo de ação da glicina em mediar este efeito (anti-angiogênese) e os efeitos anti-inflamatórios é simples: Ambos os macrófagos (células do efeito pró-inflamação) e células endoteliais (células que crescem em novos vasos sanguíneos) são inibidos de um excesso de ativação pelas concentrações adequadas de glicina.
Então, quanto a glicina é apropriado? Embora ela ainda esteja geralmente classificada como um aminoácido não essencial, é difícil para o organismo de produzir o suficiente quando jogamos a maior parte da glicina de nossa comida fora (ou seja, os ossos e os tecidos conjuntivos de carnes, peixes e aves), e quando o consumo excessivo de carnes (ou seja o músculo limpo) faz com que nossos corpos usem a glicina para se livrar dos outros aminoácidos consumidos em excesso.
Agora, se você tomar as quantidades recomendadas de cartilagem de tubarão em um suplemento popular, ou seja, até cerca de 4,5 gramas por dia de colágeno (tal como o consumo de seis cápsulas de 750 mg), você acaba com cerca de um grama de glicina. Isso é o suficiente para fazer a diferença se você é severamente deficiente de glicina, porém oito gramas por dia é mais parecido com aquilo que costumamos jogar fora, e que a maioria das pessoas precisam para sua otimização. E por aproximadamente o mesmo preço por dose diária, um sachê de sweetamine® (suplemento a base glicina) dá-lhe toda essas 8 gramas.
Como conclusão a cartilagem de tubarão teria, portanto, os alegados benefícios pelo seu consumo sendo explicado pelo seu conteúdo em glicina - se for consumido o suficiente. No entanto, é uma forma muito ineficiente e cara para obter essa glicina que é realmente necessária para manter seu sistema imunológico saudável, sem esquecer de mencionar que suporta a construção da cartilagem do seu próprio corpo.
Texto de Dr. Joel Brind
Minha sugestão é o consumo de caldos de ossos, sopas com cartilagem, e o bom e velho mocotó!
(Blog do autor: LINK)
Sobre a Glicina:
A glicina não é um aminoácido essencial na dieta humana, já que é sintetizado pelo organismo a partir do aminoácido serina numa reação catalisada pela enzima serina hidroximetiltransferase (o fígado também a produz a partir de dióxido de carbono, amoníaco e formaldeído). Embora seja o aminoácido mais simples, a Glicina mostrou ser necessária para o funcionamento normal do sistema nervoso, da pele e dos tecidos musculares.
A Glicina é usada pelo corpo para converter glicose em energia (por isso do nome conhecido como aminoácido glicogênico). Inclusive, falando de glicose e energia, a Glicina ainda é apontada como um agente que auxilia no controle glicêmico do corpo. Além disso, ela ajuda a musculatura, ou as proteínas que compõe o músculo a não entrar em uma via proteolítica através também dos níveis elevados de creatina no músculo, favorecendo o fornecimento de energia. Para se ter uma ideia da sua importância na construção muscular - e de outros tecidos, o corpo não conseguiria refazer tecidos básicos sem a presença desde aminoácido.
(FONTE)
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