Cereais integrais não são necessários - Parte I
Dieta Paleolítica e Dieta Low Carb

Cereais integrais não são necessários - Parte I









Cereais integrais:
Seriam realmente fundamentais para a sua saúde? (parte I)



Um livro disponível na Amazon chama a atenção pelo seu título: Cereais Integrais: Promessas vazias. (Whole Grains: Empty Promises), do pesquisador independente Anthony Colpo.
Parte de seu conteúdo já esteve publicado na internet, mas agora não é possível encontrá-lo. O blog lipidofobia guardou uma cópia do original, e agora vamos compartilhar.
Naturalmente cabe uma pergunta importante: Como a história de que os grãos integrais seriam melhores do que os polidos se iniciou?
Essa honra discutível recai em uma pessoa: Denis Parsons Burkitt. Quem é ele: um médico irlandês que serviu como missionário na África durante a segunda guerra mundial. Foi lá que antes de postular a teoria da fibra do cereal integral saudável que o dr Burkitt entrou para a história da medicina. Servindo naquele continente nos anos 50 esse médico conheceu uma terrível enfermidade que mais tarde recebeu seu nome: o Tumor de Burkitt.  Um linfoma ligado ao Epstein-vírus em crianças com debilidades imunológicas afetadas pela malária(1961). Em 1964 ele consegui propor tratamento quimioterápico para a população afetada e obteve resultados impressionantes.
Sem dúvida para essas crianças sua ação foi grande demonstração de sagacidade e compaixão.
Mas a seguir suas ações perderam tais qualidades.

Em 1966, sugestionado por um cirurgião da marinha inglesa (dr. T L Cleave) que imputava ao consumo de integrais refinados a falta de saúde de populações urbanas ele tentou encontrar uma causa comum para doenças não correlacionadas. Usando um raciocínio de epidemiologia ele percebeu que populações da África tinham muito menos doenças crônicas que populações ocidentais. Mas a epidemiologia em nutrição costuma levar a resultados inconsistentes. Na opinião de Colpo a base da dados obtida em pesquisas epidemiológicas (baseadas em questionários) é melhor descrita com uma piada de mau gosto. Pior fica ainda  quando se compara questões alimentares com residentes de países distintos (cross-country comparisions) com tudo de diverso que pode haver entre hábitos incomparáveis.
Colpo sublinha uma questão interessante sobre um alvo da observação do dr. Burkitt: excrementos humanos.Ele tinha uma coleção de fotos de excrementos humanos que ele obtinha em caminhadas matinais pelos campos da África. Na opinião dele, o consumo de fibras aumentava o tamanho das fezes e reduzia sua densidade e isso estaria ligado a menos doenças.
Ele formulou uma idéia que parecia lhe fazer sentido: africanos do meio rural tinha ao mesmo tempo maior consumo de fibras e menos doença crônica, notadamente câncer de intestino e diverticulite. A teoria seria: mais fibra menos doença crônica. Cosniderando que as populações de sociedades industrializadas efetivamente tinham mais doenças crônicas, ele inferiu que fatores ambientais estavam relacionados com essa situação. Isso parece muito lógico é claro. Mas a seleção dos dados considerados poderia conspirar.
As diferenças entre populações urbanas industrializadas com pessoas de zona rural, especialmente no interior da África tem incontáveis distinções. Vai muito além do seu consumo de fibras e qualidades de suas fezes. Luz artificial, alimentos processados, tipo e intensidade de atividade física, infestações parasitárias, reservas de ferro, suscetibilidade a poluição ambiental, e a lista de diferenças só tende a aumentar.
Mas, apesar disso o dr Burkitt só viu um fator: a fibra na alimentação. 
Uma associação estatística lhe estimulou a disseminar tal raciocínio! (Muitas pessoas tendem a achar que dados estatísticos que convergem numa mesma direção tem relação de causalidade). 
Infelizmente Denis Burkitt estava aparentemente contaminado e propôs em 1971 em um artigo um conceito largamente aceito que a doença diverticular era uma doença deficitária: “Dioverticular Disease of the Colon: A Deficient Disease of Western Civilization” - considerando que a diverticulite era menos comuns em africanos e asiáticos do que em negros americanos. Ele afirmou que o consumo de alimentos com menos fibra estava por trás disso. Uma teoria sedutora mas cheia de inconsistências.
Por exemplo, negros de Soweto, com alimentação pobre em fibras tinham baixíssimas taxas de diverticulite.
Mas havia um problema ainda maior: a expectativa de vida. A diverticulite é tipicamente uma doença da idade avançada. Considerando que a expectativa de vida de africanos de zona rural era muito menor (nos anos 60) do que os negros de nações industrializadas, sua teoria esbarrava num aspecto epidemiológico inexpugnável: não haviam pessoas com idade suficiente para saber se iriam ou não ficar doentes do intestino comendo mais fibra! Eles morriam antes! 
Apesar disso, a maioria de pessoas, supostamente instruídas, incluindo profissionais de saúde repetem a cantilena do dr Burkitt, sem terem sido informados que as premissas de seu raciocínio são extremamente inexatas, senão fraudulentas, pífias e tendenciosas.
Mas os problemas com a teoria dos cereais saudáveis não acabam por aí! 
Na próxima publicação prosseguiremos com esse espantoso tema!
Mas por enquanto já fica uma clara mensagem: ao contrário do que a maioria pode acreditar: os cereais integrais não são símbolo de uma alimentação saudável, por mais incrível que isso possa parecer!

As referências bibliográficas estarão no final dessa série.

Essa postagem é muito curiosa.
O site umaoutravisao já tinha publicado uma tradução de um artigo de Anthony Colpo que fazia um questionamento que colocava em dúvida o adjetivo largamente utilizado pelas mídia de saúde sobre a obrigatoriedade de consumo de cereais integrais como base de uma alimentação saudável.
Claro: a maior das pessoas acha que o aquilo que é mais amplamente aceito deve ser a diretriz verdadeira.
Esse pesquisador independente e belicoso em suas colocações esteve fazendo parte de um site sobre temas de saúde: o 180degreehealth, e publicou dois longos artigos sobre o tema: seriam o grãos integrais realmente saudáveis? (A maioria das pessoas já deve ter respondido positivamente).
O mais interessante é que o Anthony Colpo não está mais no site, e esse artigos não aparecem mais na internet, nem mesmo no site do próprio autor! Cautelosamente salvei os dois artigos, cuja informação estou compartilhando no blog. (Esses dois artigos originais vieram a ser o livro Whole Grains: Empty Promises.)


Observação importante: Esse texto é baseado nos artigos publicados na internet no site www.180degreehealth.com mas não mais disponibilizados pelo mesmo. O autor Anthony Colpo publicou todo o conteúdo em um livro disponível na Amazon, e pode ser visto e  adquirido AQUI. 



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