Adoçantes e flora intestinal - mudanças para pior
Dieta Paleolítica e Dieta Low Carb

Adoçantes e flora intestinal - mudanças para pior



Como os adoçantes podem piorar as coisas ao invés de auxiliar?


Na publicação anterior (LINK) postei um artigo sobre a questão do risco de doença metabólica associado ao consumo de bebidas adoçadas artificialmente. Esse é um tema delicado. Em 2004 um documentário sobre eventuais graves problemas ligado ao consumo do aspartame veio ao público: "Sweet Misery - A Poisoned World". Se trata de um filme que fala da história dessa substância até chegar ao consumo massivo. Algumas das questões mais sublinhadas nesse documentário são relacionadas a aspectos tóxicos, especialmente no sistema nervoso. 
Um dos primeiros adoçantes de uso popular surge em 1878 - a sacarina. Mas sua popularização nada tem a ver com a diabetes. Tem a ver com a racionamento do açúcar no início do século XX, que pelo foi pelo menos na Inglaterra até 1920. Um estudo, que mais tarde veio a ser bastante contestado, sobre a relação entre câncer com uso de sacarina, em 1977, quase baniu o emprego dessa substância, 
Em termos médicos, os adoçantes foram mais difundidos como alternativas edulcorantes para diabéticos. Mas nos anos 90, houve uma mudança importante no consumo alimentar; os alimentos adoçados artificialmente viriam a ser uma opção para consumo de produtos alimentares com finalidades mais atraentes: controle de obesidade e evitação do vilanizado açúcar.
Isso fez com as prateleiras de produtos para enfermos - no caso diabéticos, se transformassem em prateleiras para toda a população em geral. Num momento onde a crescente onda de obesidade cada vez mais se expandia.
Mas agora, mais do que nunca o uso de adoçantes está sob questionamento, mesmo pesquisadores de Harvard estão nessa preocupação como esse artigo LINK .
Do ponto de vista do controle de peso, e mesmo controle da diabete tipo II, o fracasso dos adoçantes pode nem ter a ver com suas questões químicas, mas sim por um erro de premissas, pois já há informação suficiente, para entendermos esses aspectos sobre a compreensão do tipo de fonte calórica, e não de sua quantidade bruta. Mesmo a Associação Médica Americana, em editorial já aceita isso, como publicado AQUI.
Claro, sob os preceitos da Comida de Verdade: não há espaço para alimentos "light", "diet" ou desnatados ("low fat"). Nada disso existe na natureza! Sua difusão está alinhado com outros alimentos substitutivos que foram colocados na mesa das pessoas, da metade do século XX em diante, um contato diário com produtos jamais consumidos anteriormente pela espécie humana como por exemplo a gordura vegetal hidrogenada. Descobrir-se lentamente que isso não auxilia à saúde, pelo contrário,  não pode causar surpresa! 
No artigo a seguir vemos então um aspecto novo e fundamental. Como os adoçantes atuam no corpo a favor de transtornos metabólicos nos seres humanos.
José C B Peixoto

Bactérias podem induzir mudanças metabólicas após exposição a adoçantes artificiais


Adoçantes artificiais - produtos promovidos como auxiliares para a perda de peso e prevenção de diabetes - em realidade podem acelerar o desenvolvimento de intolerância à glicose e doença metabólica, e eles fazem isso de uma maneira surpreendente: mudando a composição e a função da microbiota intestinal - a substancial população de bactérias residentes nos intestinos. Estes resultados são  frutos de experimentos em camundongos e humanos, e que foram publicados em 17 de setembro na Nature. Dr. Eran Elinav do Departamento de Imunologia da Ciência do Instituto Weizmann, que liderou esta pesquisa em conjunto com o Prof. Eran Segal, do Departamento de Ciência da Computação e Matemática Aplicada, diz que o uso generalizado de adoçantes artificiais em bebidas e alimentos, entre outras coisas , pode estar contribuindo para a epidemia de obesidade e diabetes que está varrendo boa parte do mundo.

Durante anos, os pesquisadores têm ficado confusos com o fato de que adoçantes artificiais não calóricos não parecem ajudar na perda de peso, com alguns estudos sugerindo que eles podem até ter um efeito oposto. O estudante de pós graduação Jotham Suez no laboratório do Dr. Elinav, liderou o estudo, em colaboração com outros alunos de pós, Tal Korem e David Zeevi no laboratório do professor Segal e membros do laboratório Gili Zilberman-Shapira para revelar que os adoçantes artificiais, mesmo não contendo açúcar, tem um efeito direto sobre a capacidade do organismo de utilizar glicose. A intolerância à glicose - geralmente compreendida como decorrência do corpo não poder lidar com grandes quantidades de açúcar na alimentação - é o primeiro passo no caminho para a síndrome metabólica e diabetes do adulto.
Os cientistas deram água edulcorada com os três adoçantes artificiais mais comumente usados, para camundongos, em quantidades equivalentes às permitidas nos EUA pela agência Food and Drug Administration (FDA). Estes ratinhos desenvolveram intolerância à glicose, em comparação com os ratos que bebiam água, ou mesmo a água com açúcar. Repetindo a experiência com diferentes tipos de ratos e diferentes doses dos adoçantes artificiais foi reproduzido os mesmos resultados - estas substâncias foram de alguma forma indutoras da intolerância à glicose.
Em seguida, os pesquisadores investigaram a hipótese de que a microbiota intestinal (flora intestinal) estaria envolvida neste fenômeno. Eles hipotetizaram que as bactérias podem promover isso ao reagir a novas substâncias - como os adoçantes artificiais, que o próprio corpo pode não reconhecer como "alimento". Com efeito, os adoçantes artificiais, não são absorvidos no trato gastrointestinal, mas nessa passagem eles encontram trilhões das bactérias da flora intestinal.
Os pesquisadores trataram ratos com antibióticos para erradicar muitas de suas bactérias intestinais; isto resultou numa inversão completa dos efeitos dos adoçantes artificiais no metabolismo da glicose. Em seguida, eles transferiram a microbiota dos ratos que consumiram adoçantes artificiais para ratos estéreis - "livres dos germes" - resultando em uma transmissão completa da intolerância à glicose nos ratos receptores. Isto, isoladamente, já foi a prova conclusiva de que mudanças nas bactérias do intestino (na flora intestinal) são diretamente responsáveis pelos efeitos nocivos no metabolismo do seu hospedeiro. O mesmo grupo verificou que a incubação da microbiota fora do corpo, adicionada à edulcorantes artificiais, foi suficiente para induzir a intolerância à glicose nos ratinhos estéreis (sem a flora). A caracterização detalhada da microbiota nesses camundongos revelou profundas mudanças em suas populações bacterianas, incluindo novas funções microbianas que são reconhecidas para inferir uma propensão à obesidade, diabetes e complicações destes problemas em ambos: ratos e seres humanos.
Será que o microbioma humano funciona da mesma forma? Dr. Elinav e Prof. Segal tiveram um meio de testar isso também. Como primeiro passo, eles analisaram os dados recolhidos a partir de seu projeto: Personalized Nutrition Project (www.personalnutrition.org), o maior estudo humano em dados de análise para a relação entre nutrição e microbioma. Aqui, eles descobriram uma associação significativa entre o consumo - auto-relatado - de adoçantes artificiais, configurações pessoais de bactérias do intestino, e a propensão para a intolerância à glicose. Em seguida, eles realizaram um experimento controlado, pedindo a um grupo de voluntários que geralmente não comem ou bebem alimentos adoçados artificialmente, para efetivamente consumi-los por uma semana, e, em seguida, submetê-los a exames de seus níveis de glicose e das composições da flora intestinal.
Os resultados mostraram que muitos - mas não todos - dos voluntários tinha começado a desenvolver intolerância à glicose depois de apenas uma semana de consumo de adoçantes artificiais. A composição de sua microbiota intestinal explicou a diferença: os pesquisadores descobriram duas populações diferentes de bactérias do intestino humano - aquela que induziu a intolerância à glicose quando exposta aos adoçantes, e outra que não teve nenhum efeito nesse sentido. O dr. Elinav acredita que certas bactérias nos intestinos das pessoas que desenvolveram intolerância à glicose reagiram aos adoçantes químicos através da secreção de substâncias que, em seguida, provocam uma resposta inflamatória similar à overdose de açúcar, promovendo mudanças na capacidade do organismo de utilizar açúcar.
O prof. Segal afirma: "Os resultados do nosso estudo destacam a importância da medicina e nutrição personalizadas para a manutenção de nossa saúde geral. Acreditamos que uma análise integrada da ‘big data’ (banco de dados) individualizada de nosso genoma, microbioma e hábitos alimentares podem transformar a nossa capacidade de entender como alimentos e suplementos nutricionais afetam a saúde de uma pessoa e seu risco para doença".

De acordo com Dr. Elinav, "Nosso relacionamento com o nosso próprio mix individual de bactérias do intestino é um grande fator para determinação de como os alimentos que comemos nos afeta. É especialmente intrigante a ligação entre o uso de adoçantes artificiais - através das bactérias de nossos intestinos - com a tendência de desenvolver os mesmos distúrbios que foram projetados para prevenir, o que exige reavaliação do enorme e não supervisionado consumo atual destas mesmas substâncias“. 


Artigo original AQUI

Story Source:
The above story is based on materials provided by Weizmann Institute of Science.Note: Materials may be edited for content and length.

Journal Reference:
  1. Jotham Suez, Tal Korem, David Zeevi, Gili Zilberman-Schapira, Christoph A. Thaiss, Ori Maza, David Israeli, Niv Zmora, Shlomit Gilad, Adina Weinberger, Yael Kuperman, Alon Harmelin, Ilana Kolodkin-Gal, Hagit Shapiro, Zamir Halpern, Eran Segal, Eran Elinav. Artificial sweeteners induce glucose intolerance by altering the gut microbiotaNature, 2014; DOI: 10.1038/nature13793
Sweet Misery - pode ser visto aqui



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