Dieta Paleolítica e Dieta Low Carb
A Academia de Nutricao apoia a gordura saturada
GORDURA SATURADA NÃO TEM RELAÇÃO COM DOENÇA CARDÍACA
Em fevereiro de 2015, como vimos no artigo sobre colesterol (LINK), uma luz iluminou as autoridades responsáveis em fornecer orientações dietéticas para a população americana. Agora é a vez da Academia (
The Academy of Nutrition and Dietetics) fornecer seu parecer e suas recomendações sobre a gordura saturada, num ofício, talvez sem o apelo de palavras de ordem mais enérgicas, mas suficientemente enfático, em termos técnicos para pôr fim a qualquer preocupação com o consumo de gordura saturada, especialmente no que diz respeito à tradicional advertência sobre seus -
falsos - efeitos promotores de doença cardíaca!
Veja o trecho sobre o tema de sua publicação (obs.: o jargão é técnico):
No admirável espírito da revisão de 2015 da DGAC (Dietary Guidelines Advisory Committee -Comitê de Advertência paras Diretrizes Alimentares)
de suas recomendações anteriores sobre a limitação do (consumo de) colesterol pela alimentação, a Academia (The Academy of Nutrition and Dietetics) sugere que o HHS (U.S. Department of Health and Human Services - departamento americano de saúde e serviços humanos) e o USDA (departamento americano de agricultura) apóiem uma revisão semelhante retirando a ênfase sobre a gordura saturada como um nutriente de preocupação. Enquanto o corpo de pesquisas que relacionam a ingestão de gordura saturada para a modulação da LDL e outras concentrações de lipo-proteínas circulantes seja significativo, esta prova é essencialmente irrelevante para a questão que relaciona dieta e o risco de doença cardiovascular. O relatório de 2010 do Institute of Medicine (IOM) sobre a utilização de biomarcadores LDL e HDL como representantes da evolução das doenças examinadas para estudos de caso concluiu inequivocamente que eles não eram adequados no emprego como marcadores do impacto da dieta sobre as doenças cardíacas. 38 O IOM concluiu que, "redução do LDL-C nem sempre se correlaciona com melhores resultados dos pacientes", 39 e descreveu a evidência do ensaio ILLUMINATE (em que uma terapia medicamentosa que evidenciou êxito na redução dos níveis de LDL-C e aumento de HDL-C, na realidade causou um aumento nos eventos cardiovasculares e morte).40 Devido a este e a demonstração de uma desconexão entre terapias de modulação de lipo-proteínas e as melhorias esperadas na evolução das doenças cardiovasculares de outros estudos, o IOM concluiu que "os dados suportam o emprego das taxas de LDL como um objetivo final para algumas terapêuticas cardiovasculares como a intervenção farmacológica das estatinas, mas não para toda e qualquer objetivo de terapia cardiovascular ou de outras intervenções cardiovasculares, alimentação, ou pelo uso suplementos“ e que “os dados atuais não suportam o emprego [do HDL] como um marcador final.“41
O Documento da Posição da Academia sobre gorduras alimentares concluiu igualmente que, "apesar da documentada influência do (consumo de) gordura saturada sobre marcadores para doenças (cardiovasculares), o efeito da ingestão de gordura saturada na evolução dessas doenças não é clara." 42 Até mesmo o atual Relatório Científico do DCGA observa a incoerência da relação entre lipo-proteínas moduladas pela alimentação e os resultados cardiovasculares: "a maioria dos estudos que avaliaram a doença cardíaca coronária (CHD) ou a incidência de mortalidade também observou uma associação favorável entre a adesão a um padrão dietético saudável e o risco para CHD" 43 A implicação então, é que um certo número de estudos não observou a correlação esperada entre (os ditos) fatores de risco para CHD e incidência de CHD no contexto de padrões alimentares. A evidência é clara (no sentido de que) as mudanças nos níveis de LDL e HDL induzidos pela alimentação não podem ser comprovadas na correspondência com as mudanças previstas nos riscos reais para doença cardiovascular e, portanto, este corpo de evidências que usa as lipo-proteínas como parâmetros de marcação para a doença cardiovascular devem ser excluídos na consideração do impacto da dieta sobre a saúde cardiovascular.
Louvamos a DGAC em uma revisão completa e precisa da melhor evidência atual no que diz respeito ao corpo de provas relativas às gorduras alimentares na evolução das doenças cardiovasculares. No entanto, estamos preocupados pelo fato de que as provas não conduzem à conclusão de que as gorduras saturadas devem ser substituídos por gorduras poli-insaturadas para o maior benefício para a saúde.
O Relatório Científico discute as proeminentes meta-análises que consistentemente não têm encontrado nenhuma relação entre a ingestão de gordura saturada com o risco para doença cardiovascular, mas a interpretação destes resultados é ofuscada no relatório pela inclusão de suposições sobre os nutrientes de substituição não especificados (nas linhas 542- 546). Não há necessidade desses pressupostos para descrever completamente a relação entre grupos de macro-nutrientes e risco de doença cardiovascular usando a evidência presente nesta revisão. Se um grupo de macro-nutrientes exibe algum efeito real sobre o risco de doença cardiovascular, reconhecendo a limitação de que estes efeitos só podem ser observados no contexto da substituição entre os nutrientes, então os resultados entre os estudos de avaliação podem ser expressas com as seguintes desigualdades:
Na equação 1, uma redução na gordura saturada (Fsat) e aumento da gordura poli-insaturada (FPoly) resulta em uma redução do risco de doenças cardiovasculares; 44 e na equação 2, uma redução de gordura saturada com um aumento na ingestão de hidratos de carbono (C ) resulta em um aumento no risco. 45 A Equação 2 pode ser rearranjada para expressar os pesos relativos de gordura saturada e do hidrato de carbono no risco cardiovascular:
A equação 3 demonstra que a ingestão de carboidratos representa uma quantidade maior de risco para doença cardiovascular do que a gordura saturada. Combinado com as provas de vários estudos que estimam o impacto de gordura saturada ser próximo de zero, 46, é provável que o impacto dos hidratos de carbono para o risco de doença cardiovascular seja positivo. Além disso, o impacto de gordura poli-insaturada pode ser adicionado ao (lado) negativo da equação 3 para comparar o impacto relativo para o risco de doença cardiovascular quando se faz a substituição da gordura poli-insaturada seja por gordura saturada ou com hidratos de carbono:
C=Carboidrato
A equação 4 mostra que a substituição de carboidratos por gordura poli-insaturada irá resultar num menor risco líquido para a doença cardiovascular do que se a gordura poli-insaturada for substituída por gorduras saturadas. Isso é verdade porque os carboidratos contribuem para um maior risco de doença cardiovascular do que a gordura saturada, de modo que a substituição dos carboidratos irá necessariamente resultar em uma melhora do risco. Portanto, parece que os elementos resumidos pela DGAC sugerem que a recomendação mais eficaz para a redução da doença cardiovascular seja a redução do consumo de hidratos de carbono e sua substituição por gordura poli-insaturada. Esta recomendação simplificada também ajuda na criação de uma mensagem global consistente da DGAC, introduzindo uma mensagem ao consumidor para se concentrar nos benefícios de diminuir os açúcares adicionados na dieta para reduzir as doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes tipo 2, o que é consistente com as declarações da conclusão da seção de açúcares adicionados nesse relatório científico.
O artigo se encontra em: LINK
Conheça a Academia de Nutrição e Dietética (USA)
(Obrigado a Eduardo R da Motta pela dica)
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